Teatrices

Na passada 4ª feira fomos fazer mais um plano de turista. Fomos ao teatro.

Mas não foi ver uma peça qualquer... Fomos ver "Much Ado About Nothing" de Shakespeare.

E não foi num sitio qualquer... Fomos ao Shakespeare Globe, um teatro réplica do que seria um teatro na época Shakesperiana.

Corriam rumores de que a peça era em inglês de época também, pelo que estavamos apreensivos quanto à proporção de diálogo que iriamos perceber.

O complexo é composto por vários edificios, vários dos quais não têm pretensões a ser antigos, mas tudo se centra na réplica do teatro. Conta a história que o original ardeu e aquele que hoje se visita é uma réplica. No verão é usado para o seu propósito original (peças) e no inverno é usado apenas para visitas, afinal de contas é a céu aberto...

Por fora poder-se-ia pensar mesmo ser uma arena de tourada, pela sua forma circular. Lá dentro 2 andares de bancadas em meia-lua e uma plateia de pé. Os bancos são de madeira (é mesmo à época), mas podem alugar-se almofadas. Como é a céu aberto convém ir agasalhado, 3 horas de encenação incluem uma descida de temperatura perceptivel, ainda mais para quem está sentado a prestar atenção.

No final percebemos mais do que esperavamos e a história era gira. Vale a pena visitar o teatro, ainda para mais com uma peça também à época. Recomendado.

Até doeu...

Hoje fui com a D ao optometrista. Fomos medir a nossa cegueira.

Conclusão: estou cada vez mais pitosga... Solução - lentes de espessura reduzida, por um fazem com que os meus óculos não sejam ainda os famosos fundos de garrafa, mas vão deixar a nossa conta bem mais vazia...

Parece que já não há passeio neste mês...

Apresentação às Cotswolds

Neste passado fim de semana fomos passear de novo. O verão ainda está bom e nós a fazer o nosso melhor para o esmifrar. Os frios meses de inverno estão a caminho, por isso há que carregar as baterias de passeio enquanto dá.

O plano original era Cotswolds em grande, com 2 dias de biclas e visitas a localidades e pontos de interesse entre Moreton-in-Marsh e Cirencester. Infelizmente (ou talvez não) obras nas linhas de comboio significaram nada de comboios para Moreton e a rota teve ser rapidamente alterada...

Acabamos assim por apanhar comboio desde Paddington a Leamington Spa e daqui ligar a Chipping Camden (uma das portas das Cotswolds). Esta em vez de ser parte do trajecto passou a ser meta do primeiro dia e no dia seguinte ligar daqui a Cheltenham, onde teria sido o fim do primeiro dia no projecto inicial.

Quanto à viagem de comboio, nada de especial. Fomos num regional, sem lugar especifico para as biclas, mas também sem necessidade de reservas para nos preocuparmos. Deixámo-las nos lugares para as cadeiras de rodas, bem à nossa frente. Acordamos cedo, mas mesmo assim não conseguimos deixar-nos dormir...

De Leamington Spa depressa saimos para fora, pelo que não sabemos se tem algum interesse ou não... Mas não pareceu. Agora ligar a Stratford Upon Avon, onde provavelmente iriamos fazer a nossa primeira paragem turistica.

Esteva sol e pouco vento, ideal para aproveitar as estradas secundárias que percorriamos. Ao fim de 15km fomos surpreendidos por uma propriedade do National Trust, Charlecote Park. Primeira paragem turistica alterada. É já aqui. Descobri que tinha perdido o meu cartão de membro, mas mesmo assim deixaram-me entrar, depois de feito o pedido de uma 2ª via (isto é que é eficácia).

Charlecote Park é a residência da familia Lucy, que construiu a propriedade em 1551, ainda lá vivendo a descendência (usam uma parte da casa fechada a visitas). Inclui também um grande parque e tem mesmo nas traseiras o rio Avon. Saimos de lá já com o almoço tomado, afinal de contas ainda faltavam 35km...

Stratford afinal não estava longe, mas acabamos não parar. Percorremos as ruas e gostamos. Ficamos de lá voltar para visitar as casas de Shakespeare.

Para já tudo muito plano, até chegarmos perto de Hidcote, onde tivemos uma longa subida que quebrou a D. Ao chegar aos Hidcote Gardens a prioridade foi sentarmo-nos na esplanada e esticar as pernas. A visita iria esperar até recuperar energias...

Os Hidcote Gardens foram oferecidos à National Trust em 1948 por Lawrence Johnston. Desde então foram restaurados de acordo com o seu plano nos anos 30. Organizam-se por salas, cada qual com seu tema e eles são variados. Não são gigantescos, mas são suficientemente grandes para um par de horas.

Felizmente já faltava pouco para Chipping Camden e o perfil era descendente. Ao chegar lá arranjamos alojamento no Noah Hotel, um bom quarto, com a habitual cama mole... O jantar foi no pub, podemos sempre contar com estes em qualquer lado em Inglaterra.

Os números do dia:

No domingo o pefil já teve mais sobe e desce, mas as vistas também compensaram... Demos por nós na Broadway Tower. Uma torre perdida no monte, com as Black Mountains (em Gales) no horizonte.

As estradas do dia foram quase todas bem secundárias e muito calmas. Levaram-nos até Snowshill, onde fomos visitar Snowshill Manor.

Outrora propriedade de Charles Wade tem, como é frequente, um belo jardim, que percorremos até chegar à sua casa, no antiga casa do padre e a mansão, usada por ele para albergar a sua diversa e enorme colecção de objectos. Encontramos desde armaduras japonesas a cómodas árabes, de bicicletas antigas a bugigangas indianas. A casa tem expostos 5000 dos 20000 artigos da colecção. E quando se vê de fora, nem se imagina que tanta coisa lá caberia...

Saimos de Snowshill a subir, já em direcção de Cheltenham. Agora já não haviam paragens programadas, seria só chegar a Cheltenham e apanhar o nosso comboio.

Ainda passeamos pelas ruas, mas não era nada que se comparasse com o que já tinhamos visto das Cotswolds, pelo que fomos lanchar enquanto o comboio não chegava. Este já não era regional, por isso tinhamos reservas de lugares tanto para nós como para as biclas, no total 10 pedaços de papel para uma viagem de 2h30...

Um grande fim de semana. A falta de carro fez com que todo tempo fosse as férias. Não foi só o destino, foi muito a viagem... A D. apesar de empenar no primeiro dia e ter ficado bem cansada com o segundo gostou do esquema e ficou a porta aberta a repetições... Agora só me falta planear as rotas e rezar para que não chova...

traduções

Coisas curidosas os nossos cérebros.

Ontem vi finalmente o filme "The Ninth Gate". Gostei do filme, particularmente da ausência de repostas. Mas aquilo que acho curioso é o seguinte.

Vi o filme em Londres, num canal inglês e naturalmente em inglês sem tradução alguma. Pouco depois de acabar comentei algumas coisas com a Diana e sempre que me veio à mente uma imagem do filme, haviam lá legendas...

E esta hein?

Beautiful Yorkshire

Sim, parece um slogan de um anúncio, na realidade é isso mesmo, mas aplica-se.

Estivemos no final de Abril/inicio de Maio por lá aproveitando 2 fins de semanas longos seguidos.

Começamos as férias mesmo em Londres. Desta vez alugamos um carro mesmo por cá e fizemos a viagem para cima pelas estradas inglesas, sempre em contra-mão de Heathrow até Scarborough. Foi bem mais barato que a viagem de comboio, mas o trânsito neste pais é algo a ter em conta... Nada que não se faça, mas levou-nos 6 horas...

O destino foi Scalby, onde nos esperava uma cottage alugada durante uma semana, a nossa base para as incursões nos vizinhos North Yorkshire Moors.

Foi uma semana em grande com passeios de mais de 10km quase diários (tivemos de fazer uns dias de pausa que já haviam sinais de fadiga e ninguém nos paga mais se acabarmos empenados).

Começamos logo no sábado de Great Ayton, ligando ao monumento do Capitão Cook e o Roseberry Topping, seguidos de visita ao Ormesby Hall para um belo chá e bolinho,

No domingo jogamos com a maré, visitando  Scarborough e depois pela praia de Robins Hood Bay, onde estivemos bem perto de uma colónia de dorminhocas focas.

Segunda foi descanso planeado com uma viagem ao tempo áureo dos comboios ingleses, com a viagem num comboio de época de Pickering até Grosmont. Ainda demos à perninha quando decidimos fazer a ligação á estação anterior (para o retorno) a pé, mas deu umas boas fotos...

Terça visitamos a Abadia de Rievaulx, ou seja, a sua ruina, mas a caminhada não valeu o esforço. Valeram sim as vistas do Rievaulx Terrace para a dita, ao bom estilo dos jardins românticos ingleses.

No quarta tivemos de compensar e foi um belo passeio campestre perto de Goathland, uma das paragens do nosso comboio na segunda, com trilhos bonitos e entretidos perto de verdejantes ribeiros, ainda tentei desviar a Diana para um chá e bolo, mas a praia de Salturbn by the Sea é mais para apreciar a areia que para bolinhos...

Quinta dia de visitar Whitby e o seu famoso Fish & Chips. Da primeira ficamos fâs, mas do segundo ainda não nos convenceram. Quando lá voltarmos ainda queremos fazer a prova aos famosos "smoked kippers", desta vez assustei-me com o fumo... Antes do jantar e para derreter a gordura dos fritos nada como caminhar e isso fizemos começando em Statithes, desta vez vimos veados, ou será que eram eles a observar-nos???

Na sexta tratamos da ligação a York. Visitamos Nunnington Hall onde estava organizado um dia real. Dia 29 de Abril foi dia de casamento na familia real inglesa e eles decidiram celebrá-lo em grande.

Um grande ecrã e imensas barraquinhas de bolinhos, PIMs, churrasco espalhados no jardim. Imensa gente tinha aparecido por lá enchendo o relvado, mas tudo de olhos colados no ecrã. Quando começou a chover ninguém se mexeu, apenas puxaram dos guarda-chuvas...

Já perto de York foi a vez da Fountains Abbey, mais uma ruina de um mosteiro re-aproveitado em jardim. Se hoje em dia dizemos que o fosso entre ricos e pobres é enorme, a grandiosidade destes jardins faz-nos pensar na ciclicidade da história...

Sábado e domingo aproveitamos a historicidade de York. Visitamos a catedral, muralhas, centro histórico, Treasurers House e o enorme museu do comboio, onde nos sentamos no comboio bala japonês, vimos carruagens reais e belas máquinas a vapor. Tivemos também uma breve explicação de como funciona um comboio a carvão, mas não sei se fiquei mais esclarecido se mais confuso...

Como lições de mais uma bela semana de experiências fica a sabedoria do Walking Englishman que nos forneceu a informação para belos passeios. A magnificência da National Trust, que preserva belos edificios (uma das anuidades mais merecidas que pagamos). A irritante necessidade inglesa dos estacionamentos serem sempre pagos, mesmo na mais pequena das aldeias. Mas acima de tudo a vontade de voltar a passear por este verdejante pais.


Retorno outra vez de carro, desta vez a viagem fez-se mais depressa, devemos ter saido mais cedo que os ingleses... Ainda tivemos tempo para o chá da tarde...